Razões do sucesso do Lés-a-Lés Off-Road, que volta a esgotar inscrições
O Portugal de Lés-a-Lés Off-Road é um passeio sem qualquer espírito competitivo. Sem classificação ou prémios para lá da gigantesca diversão e da descoberta de paisagens surpreendentes, de outro modo inacessíveis. Busca-se apenas a superação pessoal na condução em todo-o-terreno, num ambiente descontraído e de companheirismo. Algo que até os melhores pilotos do Mundo apreciam. Por isso não é de estranhar que, ano após ano, muitos pilotos conceituados garantam um lugar no aventureiro passeio organizado pela Federação de Motociclismo de Portugal. Que, em 2024, vai ligar Vila Pouca de Aguiar a Albufeira, entre os dias 2 e 5 de outubro, com paragens em Valverde del Fresno – naquela que será a primeira internacionalização do evento – e no Alandroal.
Razão que ajuda a explicar o facto de as inscrições encerrarem sempre antes da data-limite, ao ser atingido o número máximo de participantes. O que voltou a acontecer em 2024, com a lista de inscritos a ser fechada um mês antes do arranque em Trás-os-Montes. Quem não perdeu tempo foram muitos espanhóis, mas também franceses, italianos, alemães e suíços, bem como vários ex-campeões campeões nacionais de enduro e bajas. Pilotos do calibre de António Oliveira, Paulo Marques, Bianchi Prata, Rodolfo Sampaio, Bernardo Vilar ou Rodrigo Amaral entre muitos outros, participantes assíduos da grande travessia do mapa nacional por caminhos de terra. Mas também algumas vedetas internacionais como o ex-trialista Pol Tarrés, grande especialista em hard-enduro com motos de elevada cilindrada ou ‘Kees’ van der Ven. O neerlandês que foi uma das grandes figuras do motocross mundial nas décadas de 1980 e ’90 e que desde 2015 vive em Louriçal, uma vila no concelho de Pombal. Aos 66 anos, o senhor Cornelius Egidius Maria van der Ven desfrutou em 2023 de uma oportunidade única para conhecer o País a um ritmo bem diferente do que lhe valeu 17 triunfos em provas do Mundial de Motocrosse de 125, 250 e 500 cc, ou 5 vitórias na mais mítica corrida em pisos de areia, o Enduro de Le Touquet.
Amizade e diversão através de paisagens ímpares
Outro dos participantes assíduos, tanto no Portugal de Lés-a-Lés Off-Road como na variante de estrada, é Miguel Farrajota, o algarvio que ganhou títulos de Supercrosse, Motocrosse, Enduro, Raides e até Supermotard, antes de alinhar no Rali Paris Dakar. “É como um vício anual impossível de perder. Além do enorme gozo da condução fora-de-estrada num percurso que é brutal, o reencontro com amigos de longa data e o conhecer novas pessoas é simplesmente fabuloso” sublinha o ex-crossista de Loulé. Que logo acrescenta, em jeito de conselho, que “esta é uma experiência que todos deveriam fazer. Pela descoberta do País, pela amizade e companheirismo que se vive ao longo de três dias, mas também pela experiência que se ganha em termos de condução. É um treino excelente, onde cada um anda ao seu ritmo, e o facto de andar tantas horas de moto permite uma evolução enorme e grande à vontade em todas as situações”. Em 2024, Farrajota volta com o grupo de amigos e espera encontrar companheiros de outras andanças, como Paulo Marques ou António Oliveira, “com quem sempre existe um pico de adrenalina” explica de forma divertida.
Momentos de condução e deleite truístico ao longo de mais de 900 quilómetros por alguns dos mais bonitos trilhos em fora de estrada, entre vinhas e olivais, soutos e carvalhais, por serras e vales. Uma oportunidade única de descobrir o nosso País fora dos trajetos convencionais, por estradões de terra batida, caminhos rurais, travessias a vau e mesmo alguns trilhos de cabras. Descoberta que, este ano, se estende a Espanha, com um saltinho até Valverde del Fresno, localidade que é sede da Motoval, parceiro de longa data da FMP, e que será ponto de partida para a segunda jornada, rumo ao Alandroal. E que sempre apoia na escolha e montagem dos pneus mais adequados (e obrigatórios…) para este tipo de pisos.
E para evitar desgaste acrescido, a FMP implantou várias novidades para um maior facilidade logística e conforto dos participantes. Assim, podem utilizar um serviço de transporte de motos e bagagem, com pontos de recolha e entrega em Lisboa, Porto e Faro. Serviço garantido por empresa especializada que permite ainda o transporte de sacos ou malas (desde que fixos nas motos) e que poupará os obrigatórios pneus com perfil mais aventureiro. E poderão também ter a família e amigos por perto, com inscrições como ‘equipa de apoio’, com direito de acesso aos parques fechados no final das etapas, bem como aos jantares nos quatro dias e às t-shirts do evento.