Num fim-de-semana de grandes batalhas no Circuito Ricardo Tormo, foi finalmente quebrada a invencibilidade de Manuel Alves. Se o veloz piloto português da LOB Motorsport ainda conseguiu exercer o seu domínio na jornada de sábado, vencendo o Qualifying e dominando a Corrida 1, impondo assim o seu Porsche 991.2 GT3 Cup pela sétima vez consecutiva, já o domingo coroou uma espantosa exibição do espanhol Borja Garcia. A jogar em casa e na sua estreia nesta série, o piloto valenciano dominou por completo a corrida, colocando o Porsche 992 GT3 Cup da Equipo GT Corse no degrau mais alto do pódio, entusiasmando os milhares de espetadores presentes no circuito.
A moldura humana que preencheu de forma bem volumosa as bancadas do Circuito Ricardo Tormo, em Valência, transformou-se num prémio para o espetáculo proporcionado pela Porsche Sprint Challenge Ibérica (PSCI), bem como das outras competições incluídas em mais um NAPA Racing Weekend.
Quinze equipas comparecerem nesta quarta ronda da época 2024 da Porsche Sprint Challenge Ibérica e, para além de muita animação nas sessões de treinos, as duas corridas foram muito intensas, com o pelotão da ‘armada’ Porsche a discutir taco-a-taco as posições na geral e, em especial, a discussão da supremacia nos Grupos e nas Classes da competição.
Manuel Alves dominou o primeiro dia
Na jornada saturnina, apenas a sessão inaugural de treinos livres escapou às garras de Manuel Alves. Depois, o piloto da LOB Motorsport impôs o seu Porsche 991.2 GT3 Cup na 2ª sessão de treinos livres, bem como no Qualifying, disputado ao início da tarde, garantindo a “pole-position” para a Corrida 1, embora o tenha feito perante forte oposição de Gonçalo Fernandes (Porsche 991.2 GT3 Cup), que se quedou a magros 170 milésimos de segundo.
O modelo 992 GT3 CUP levaria aos três lugares seguintes da grelha o ucraniano Yuri Protazov (Hadeca Racing), o espanhol Jorge Ramirez (RGB Racing Team) e o colombiano Juan Vega (Hadeca Racing), com Vasco Barros a ter uma qualificação menos bem conseguida, não passando do sexto tempo, colocando assim o seu Porsche 991.2 da LOB Motorsport apenas na terceira fila da grelha. Rui Miritta, da Monteiros Competições, foi claramente o melhor do grupo 991.1, registando o 10º tempo.
E quando, ao cair da tarde, ‘o safety-car’ da PSCI saiu da frente do pelotão, permitindo que acontecesse a partida da primeira refrega do fim-de-semana, a expectativa era enorme quanto a um possível duelo intenso entre os dois portugueses que ocupavam a fila da frente. Mas tal não sucedeu.
Manuel Alves foi muito mais rápido no arranque do que Gonçalo Fernandes e manteve de forma clara a liderança na saída da primeira curva, enquanto Fernandes se via ‘engolido’ por um pelotão agressivo, caindo mesmo para a terceira posição ao ser ultrapassado por Yuri Protasov. Por sua vez, Vasco Barros protagonizou um arranque canhão e saltou para 4º, colando-se de imediato aos dois pilotos que estavam à sua frente e começou aí um duelo a três, que se transformou num dos destaques da corrida.
Manuel Alves aproveitou de forma clara essa luta e fez crescer a sua vantagem até 5 segundos, pecúlio que veria desfeito à 7ª volta quando o safety-car foi despoletado devido a um pião e saída de pista de André Fernandes, no Porsche 992 GT3 CUP preparado pela Veloso Motorsport.
A corrida foi retomada duas voltas mais tarde. Manuel Alves não se deixou surpreender e manteve a liderança, começando logo a afastar-se do trio que voltou ao duelo pelo 2º lugar, sendo de realçar que, com o reagrupamento do pelotão, Protazov, Fernandes e Barros viram aproximar-se mais dois pilotos, o espanhol Jorge Ramirez (RGB Racing Team) e o colombiano Juan Vega (Hadeca Racing).
Uma volta depois, foi o caos. Numa travagem forte para uma esquerda no miolo do circuito, Vasco Barros mergulha para a curva, ultrapassa Gonçalo Fernandes, mas toca em Yuri Protazov e os dois despistam-se. Felizmente, conseguiram regressar à prova, mas perdendo alguns lugares, com Protasov em sexto e Barros no décimo posto, começando ambos, desde logo, a recuperação.
Lá na frente, Manuel Alves pilotou de forma firme, mas tranquila, recebendo a bandeira de xadrez com os 5 segundos de vantagem repostos sobre Gonçalo Fernandes que, entretanto, se tinha desenvencilhado dos ataques de Ramirez e Vega, garantindo o 2º lugar na corrida.
A luta pelo 3º lugar foi mesmo até à linha de meta, com Jorge Ramirez a tudo tentar para suster os ataques de Juan Vega, com o duo a começar a preocupar-se com a aproximação de Yuri Protasov que, entretanto, já tinha subido para 5º. A 2 voltas do fim, rodavam já os três colados e, na última volta, Jorge Ramirez garantiria o 3º lugar mercê do duelo entre os dois pilotos da Hadeca Racing. Protasov passou o seu colega de equipa, com este a devolver-lhe a manobra e a garantir o 4º lugar, na frente do ucraniano.
Como é óbvio, Manuel Alves juntou ao triunfo da geral, a vitória no grupo 991.2 e na Classe PROAM. Já Gonçalo Fernandes venceu na Classe AM e Jorge Ramirez no Grupo 992.
6º da geral, o ucraniano Oleksandr Dobik levou um dos Porsche 992 GT3 CUP da Hadeca Racing à supremacia na Classe GD, enquanto Rui Miritta, 8º absoluto, venceu com autoridade no Grupo 991.1, sendo de realçar que Francisca Queiroz voltou não só a ser a melhor piloto feminina, mas também a colocar o 992 GT3 Cup da Orbital Ignition Racing Team no Top 10 da corrida.
Corrida 2: Borja Garcia vence ‘em casa’ e termina com invencibilidade de Manuel Alves
À oitava corrida da época, a Porsche Sprint Challenge Ibérica conheceu um novo vencedor: Borja Garcia. O piloto espanhol estava literalmente a correr no “seu quintal”. Valenciano, apresentava-se à partida com o handicap de nem sequer ter tripulado o Porsche 992 GT3 Cup da Equipo GT Corse nos treinos, onde o mesmo esteve sempre a cargo do seu colega de equipa Alejandro Barambio.
Quis o alinhamento da grelha de partida – com a distribuição dos lugares a ser feita pela classificação da Corrida 1, invertendo-se as 8 primeiras posições – que Borja Garcia ocupasse um dos lugares na primeira fila, ao lado de Vasco Barros, premiado com a ‘pole’, mercê do seu 8º posto na corrida de sábado. Atrás do duo, os ucranianos Dobik e Protasov preenchiam a 2ª fila da grelha, Vega e Ramirez a 3ª e Fernandes e Alves estavam na 4º. Com um naipe deste quilate o arranque prometia ser aceso e a corrida também. E as previsões não desiludiram.
No arranque, Borja Garcia foi o mais forte, curvando na primeira esquerda na frente de Vasco Barros que, de imediato, perdeu mais uma posição, sendo ultrapassado por Yuri Protasov. Enquanto isso, Manuel Alves galgava quatro posições, subindo a 4º da geral, colando-se a Barros e Protasov, dando a entender que estava já a protagonizar um das suas habituais recuperações imperiais nas segundas corridas da PSCI.
Mas, de imediato se percebeu que o ritmo de Borja Garcia era impressionante. O valenciano escapou do trio que o perseguia e foi aumentando a vantagem volta após volta, enquanto Manuel Alves subia ao 3º lugar, por troca com o seu colega de equipa, logo no fecho da volta inicial, começando a atacar o 2º posto de Protasov, ultrapassando o piloto ucraniano no início da 3ª volta, conseguindo, de imediato, separar-se do piloto da Hadeca Racing, que tinha agora de enfrentar Vasco Barros, Jorge Ramirez e Juan Vega numa batalha pelo 3º posto.
1,6 segundos era a diferença que separava o líder, Borja Garcia, do perseguidor, Manuel Alves no final da 3ª volta e ainda havia muita corrida pela frente. Nas voltas seguintes, o português forçou o andamento e ainda conseguiu reduzir até cerca de 1 segundo de distância, à passagem da 6ª volta da corrida, mas, com o passar do tempo e das voltas, os pneus traseiros do 991.2 GT3 Cup da LOB Motorsport começaram a perder eficácia, enquanto Borja Garcia mantinha um andamento forte, sem erros, voltando a distanciar-se até receber a bandeirada de xadrez isolado, com 3,2 segundos de vantagem sobre Manuel Alves, conquistando uma vitória tão preciosa quanto justa nesta sua estreia na PSCI, terminando com a invencibilidade do adversário.
Borja Garcia juntou à vitória na geral, o triunfo no Grupo 992 e na Classe PROAM, enquanto Manuel Alves juntava ao seu bornal mais um triunfo no Grupo 991.2.
Entretanto e na mesma volta número 6, Vasco Barros consegue ultrapassar Yuri Protasov e coloca-se no 3º posto, lugar que manteria até final. Já Protasov, Vega e Ramirez passaram a ter a companhia do português Gonçalo Fernandes, formando-se um quarteto na discussão do 4º lugar.
Com o passar das voltas, também aqui os pneus começaram a ser um fator decisivo. Protasov e Veja sacudiram a pressão dos seus dois adversários, com a dupla da Hadeca Racing a conseguir mesmo chegar novamente perto de Vasco Barros, enquanto Gonçalo Fernandes suplantava Jorge Ramirez e subia ao 6º lugar.
Yuri Protasov ainda ultrapassou Vasco Barros, cruzando a linha de meta em 3º, mas, uma tripla penalização que somou 15 segundos, por exceder várias vezes os limites de pista, atirou o piloto para o 5º lugar, recuperando Vasco Barros a 3ª posição e Juan Vega a almejar subir ao 4º posto.
Oleksandr Dobik levou para casa mais um troféu referente a nova vitória na Classe GD, tendo sido 9º absoluto nesta Corrida 2. Rui Miritta voltou a ser o mais forte no Grupo 991.1, fechando a prova o Top 10 da geral, na frente de Francisca Queiroz, a melhor feminina.
Quanto ao balanço do fim-de-semana, José Monroy, líder da P21 Motorsport destacava “a excelência do espetáculo que o nosso campeonato proporcionou a estes mais de dez mil espetadores que acorreram ao circuito. Tivemos dois vencedores diferentes, grandes batalhas no miolo do pelotão e um excelente nível organizativo. São fins-de-semana cm oste que nos motivam a tentar fazer mais e melhor no futuro!”.
A Porsche Sprint Challenge Ibérica muda-se agora de armas e bagagens para Jerez de La Frontera, onde se disputará a 5ª ronda, aprazada para 5 e 6 de outubro.