A temporada de 2024 do Iberian Historic Endurance encerrou da melhor forma com a “clássica das clássicas” das provas de clássicos da Península Ibérica – os 250 km do Estoril. Repetindo o feito do ano passado, com a vitória na 12.ª edição da corrida que foi o ponto alto de sábado do Estoril Endurance Festival by Powershield, Pedro Bastos Rezende tornou-se o quarto duplo vencedor dos 250 km do Estoril, inscrevendo pela segunda vez o seu nome no “Hall of Fame” de vencedores da prova, juntando-se à dupla alemã Georg Nolte / Frank Stippler, aos portugueses Carlos Barbot / Diogo Matos e à dupla germano-dinamarquesa Patrick Simon / Lars Rolsner.
O piloto do Porsche 911 3.0 RS da Aurora Motorsport deixou logo um sério aviso à navegação quando, contra todas as expectativas, conquistou a pole-position na qualificação matinal, superando por escassas nove centésimas de segundo Paulo Lima, em Ford GT40, e relegando para a segunda linha da grelha de partida o outro igualmente favorito Ford GT40 de Christian Oldendorff e o Porsche 911 2.8 RSR da dupla internacional composta por Paul Daniels, ex-WEC, e Markus Palttala, ex-FIA GT.
A corrida, que teve mais de duas horas de duração, decorreu sem interrupções e com um ritmo muito intenso nas primeiras voltas, imposto pelos carros da frente do extenso pelotão. Christian Oldendorff e Paulo Lima rapidamente saltaram para a frente da corrida, reeditando um duelo antigo na pista do Estoril, ao passo que Pedro Bastos Rezende se colocou na posição de observador, imprimindo o seu próprio ritmo de corrida. Um pouco atrás, as posições estabilizavam-se com o decorrer da corrida, com Ricardo Megre a subir duas posições até ao quarto lugar, rodando com o Porsche 911 3.0 RS, que partilhou com Frederico Brion Sanchez, à frente de Markus Palttala e do Bizzarrini 5300 GT da Equipe Europe, com o qual o duo alemão Volker Hichert e Bjorn Ebsen vinha a escalar posições.
O abandono prematuro de Paulo Lima, que à segunda volta passou a liderar a corrida, deixou Christian Oldendorff na frente da corrida, piloto que após as primeiras paragens nas boxes e reabastecimentos, perderia a liderança para Bastos Rezende à 13ª volta, para a recuperar dez voltas depois com o piloto português receber uma penalidade de “Drive-through” por desrespeitar os limites de pista. Com a segunda metade da corrida, e as equipas com diferentes estratégias, mais três duplas, todos elas em carros da marca Porsche, passaram pela cabeça do pelotão: Paul Daniels / Markus Palttala, Brion Sanchez / Ricardo Megre e Jesús Fuster / Jorge López.
No “sprint” final, Bastos Rezende assumiu a primeira posição nas últimas dez voltas e nunca mais a largou, cortando a linha de meta com pouco mais de dois segundos de avanço sobre Christian Oldendorff, conquistando o triunfo na corrida, assim como na classe H-1976, enquanto o piloto germânico assegurou o triunfo nos GTP&SC. Ainda na volta do vencedor, Paul Daniels e Markus Palttala foram os terceiros classificados, segundos dos H-1976.
Os franceses Damien Kohler e “Maverick” cortaram a linha de meta no quarto lugar, vencendo a categoria H-1965. Contudo, os pilotos do Shelby Cobra tiveram uma prova animada, competindo com o Cobra Daytona dos belgas Brice Pineau, Oliver Muytjens e Greg Audi, até que, a cinco minutos do final da corrida, quando a diferença era de menos de um segundo, ocorreu um golpe de teatro e, numa situação típica das corridas de resistência, ficaram sem gasolina. No total a H-1965 teve treze trocas de primeiro classificado ao longo de 120 minutos. O “Top-5” ficou completo com os espanhóis Jesús Fuster e Jorge López, que subiram ao último degrau do pódio na competitiva H-1976.
Tendo sido o sexto a ver a bandeira de xadrez, o Merlyn MK4 de Carlos Barbot e Filipe Campos, um carro que venceu esta prova em 2019 e 2020, terminou no segundo lugar da classe GTP&SC, sendo que Paulo Rompante, no seu Alfa Romeo Ti Super, completou este pódio. Brion Sanchez e Ricardo Megre foram os sétimos e ficaram às portas do pódio dos H-1976, e terminaram à frente do segundo classificado da H-1965, o imponente Bizzarrini 5300 GT. O pódio da classe H-1965 foi preenchido pelo Porsche 904/6, assistido pela portuguesa Raul Cunha Vintage Cars Garage, da dupla composta por Thorkild Stamp e Michael Holden.
A lista dos dez primeiros da corrida ficou completa pelos dois melhores classificados da classe H-1971: os vencedores Piero dal Maso e Guilherme dal Maso, no Porsche 911 2.5 ST da Garagem João Gomes, que assumiram a frente da classe à 34ª volta, e os líderes no início da corrida José Rueda e Rafael Rodríguez, em Ford Capri 2600 RS da RP Motorsport.
Na classe Gentleman Driver Spirit (GDS), a dupla britânica Paul Rayment / James Wheeler, no MG B Roadster, venceram isolados, após o favorito Ford Cortina Lotus da dupla Luís Sousa Ribeiro e Ricardo Pereira ter abandonado à décima terceira passagem. Fruto de uma regularidade que lhes é reconhecida, o BMW 1800 TISA de Alberto e Tomás Velez Grilo foi o segundo classificado, enquanto os estreantes Emmanuel De Noailles e Luigi Barzini, também eles aos comandos de um MG B, celebraram efusivamente o terceiro lugar neste pódio.
Como é tradição, a corrida também premiou o último vencedor do ano da classificação Index de Performance, cuja cerimónia do pódio culminou com a entrega de um relógio exclusivo da marca da suíça Cuervos Y Sobrinos ao vencedor. Vincent Tourneur levou o Porsche 356 Speedster do histórico filme “Rebel Without a Cause”, com o famoso actor norte-americano James Dean, a um merecido triunfo. Este exemplar da casa de Weissach terminou seguido da dupla dinamarquesa Thorkild Stamp e Michael Holden, em Porsche 904/6, e por Davide Marques e João Ribeiro, em Datsun 1200.
Diogo Ferrão, o organizador do Iberian Historic Endurance, comentou no final: “Existem realmente provas em que tudo corre bem. Com 49 inscritos, conseguimos ter uma corrida que, ao longo de 120 minutos, não teve sequer uma situação de Safety-Car. Por vezes, sou bastante exigente com os pilotos e com a organização desportiva dos circuitos, mas desta vez todos colaboraram, e conseguimos realizar uma prova sem qualquer problema. Muitos parabéns a todos!”
Depois de mais uma temporada de enorme sucesso, em que a competição de clássicos mais prestigiada do sul da Europa visitou novamente alguns dos melhores circuitos e eventos europeus, o Iberian Historic Endurance regressa em 2025, com o calendário e outras novidades a serem anunciados nos próximos dias.