João Barroso, Guilherme Silva e Martim Pereira são os três jovens que frequentam a “escola” da Montanha ou, por outras palavras, fazem parte do FPAK Júnior Team (FJT) na edição 2024 do Campeonato de Portugal de Montanha JC Group (CPM). O projeto federativo lançado em 2022 nos ralis, com o objetivo de descobrir e impulsionar a carreira de jovens pilotos, rapidamente deu frutos, de tal modo que acabaria por ser estendido a outras disciplinas automobilísticas, como a velocidade, o karting e, mais recentemente, a montanha. Hoje, o FJT já respira vitalidade e a duas provas [Rampa de Boticas e Rampa da Serra da Estrela] do termo da época pode falar-se já em sucesso, face à descoberta de novos horizontes que ficam abertos aos jovens valores.
A Befast Motorsport é a parceira da FPAK encarregada da operacionalidade e da logística do FJT de Montanha no CPM. “Como na Montanha não é fácil fechar o traçado de uma rampa ao trânsito quotidiano, o nosso primeiro passo com os três pilotos foi ir a Braga, ao kartódromo, fazer um check-up com o Citroen C1, para eles se familiarizarem com o carro”, adianta Filipe Barbosa, líder daquela empresa sediada em Paços de Ferreira. O “kit” introduzido no C1, cujo motor tem 70 cv de potência, para as provas do CPM inclui uma caixa de velocidades com relações mais curtas e pneus de baixo perfil. Em cada prova, a Befast destaca, entre o seu “staff”, um engenheiro com experiência de motorsport além de outro elemento para apoio exclusivo aos jovens pilotos. Estes têm um conjunto de tarefas pré-definidas a cumprir, como ligar a câmara de vídeo instalada a bordo antes de cada subida e depois… desligá-la no final. Cruzada a linha de meta, devem, tão breve quanto possível, contactar a equipa Befast via telemóvel para esta saber que está tudo ok. “Logo que descem, é tempo de analisar o conteúdo do vídeo em pormenor, num trabalho em que intervém o engenheiro, ajudando cada um a melhorar o seu desempenho na subida seguinte, numa aprendizagem que tem funcionado a 100 por cento. É esta a nossa forma de trabalhar e a reação dos pilotos tem sido muito boa”, acrescenta.
Dos três jovens alunos desta verdadeira “escola” da Montanha, há que muito que tanto Martim Pereira (16 anos) como Guilherme Silva (21 anos) ambicionavam seguir os passos dos seus progenitores ou não os acompanhassem nas provas de rampa desde tenra idade. O primeiro é filho de Martine Pereira (Renault Clio), figura bem conhecida naquelas andanças, tal como Paulo Silva (Audi RS 3 LMS TCR) e Daniela Marques (Subaru Impreza), que são os pais de Guilherme. “Tinha 13 anos quando conduzi pela primeira vez o Clio do meu pai, em Braga, e acompanhei-o inúmeras vezes às provas de montanha. Sempre foi o meu ídolo e, dada a minha paixão pelas corridas desde miúdo, sonhava um dia ser como ele…”, revela Martim Pereira. O jovem piloto da Póvoa de Varzim viu nesta iniciativa promovida pela FPAK a oportunidade de passar da teoria à prática. “Até agora tem sido muito positivo, é um sonho tornado realidade. Estou a gostar imenso, porque a aprendizagem é constante. Quanto ao futuro, não sei. Acima de tudo, espero ter oportunidade de continuar a minha carreira”.
Dados os antecedentes familiares, com o pai e a mãe a competirem no CPM, seria lógico que Guilherme Silva fizesse o seu batismo desportivo automobilístico nessas andanças da montanha, mas não. “A minha primeira experiência competitiva aconteceu o ano passado, no circuito do Estoril, quando formei dupla com o meu pai, aos comandos do Audi, numa prova do Campeonato de Portugal de Velocidade. E até me ‘safei’ relativamente bem…”, conta o jovem piloto de Braga, que para esta época tinha a hipótese de competir no FPAK Júnior Team de Velocidade ou mesmo regressar ao volante do Audi RS 3 LMS TCR na companhia do pai. “Apoiei sempre os meus pais nas provas de montanha e pensava que um dia estaria lá, até que surgiu esta hipótese do FPAK Júnior Team. O balanço é muito positivo, tem havido uma grande aprendizagem, embora eu esperasse um pouco mais, ainda que a sorte não me tenha acompanhado muitas vezes, mas ainda espero vencer pelo menos uma prova até ao fim da época. O meu objetivo é, depois, evoluir para outro patamar”.
Nativo de Vila Real, uma terra de fortes tradições nas corridas de circuito, João Barroso (21 anos), filho de um piloto [Nuno Barroso] campeão de Legends, “deambulou” pelas pistas de Portimão, Estoril e Braga, ao volante de um Fiat Punto, e também da sua cidade natal com um Peugeot 306 GTi, até se deparar com o FJT de Montanha. “Não tinha grandes planos em relação a 2024, tanto mais que o orçamento é muito curto, mas admitia, talvez, disputar o Campeonato de Legends”, conta o jovem piloto transmontano, que acabou por “despertar” para as provas de Montanha. “Achei interessante este projeto, até porque em caso de ser campeão poderia ficar com portas abertas para aceder a outro patamar…”. João Barroso revela-se satisfeito com a opção tomada e assegura: “Tenho aprendido bastante. O carro é pouco potente, vamos em busca do limite e sempre a evoluir, procurando superar-nos a nós mesmo. Como escola tem sido muito importante e acho que estou a desenvolver a minha maturidade enquanto piloto. O futuro? Quando isto acabar logo se verá…”
Cumpridas três das cinco jornadas do calendário do FJT de Montanha, Filipe Barbosa e a Befast Motorsport não poderiam antecipar um primeiro balanço mais positivo e… promissor: “Estou muito satisfeito pela forma como tudo tem decorrido e sinto-me realizado, quer pessoal quer profissionalmente. Aliás, neste momento já estou a trabalhar para a época de 2025”.